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Alergia alimentar: reação adversa a alimentos

A definição de alergia alimentar envolve uma série de considerações. Segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia a “Alergia Alimentar é uma reação adversa a determinado alimento. Envolve um mecanismo imunológico e tem apresentação clínica muito variável. Os sintomas podem surgir na pele, no sistema gastrintestinal e respiratório. As reações podem ser leves com simples coceira nos lábios até reações graves que podem comprometer vários órgãos. A Alergia Alimentar resulta de uma resposta exagerada do organismo a determinada substância presente nos alimentos. ”

Neste raciocínio devemos considerar também a intolerância à lactose que, segunda a ASBAI  “ …é uma desordem metabólica onde a ausência da enzima lactase no intestino determina uma incapacidade na digestão de lactose (açúcar do leite) que pode resultar em sintomas intestinais como distensão abdominal e diarreia.”

Para sabermos um pouco sobre isto, a Revista Mundo Alérgico convidou Aline Deon, nutricionista clínica do NAI (Núcleo de Atendimento ao Idoso de Balneário Camboriú – SC) e o PAI (Posto de Atenção Infantil). Escolhemos alguns tópicos principais, relacionados às possíveis causas e origem das alergias, num campo ainda pouco explorado e cheio de indagações da ciência.

 

Alergia alimentar

  • RMA – O que são alergias e intolerâncias alimentares?

 

Aline – A alergia alimentar é uma reação adversa, normal do organismo a um determinado alimento e ela vai envolver um processo imunológico. Um mecanismo imunológico, já as intolerâncias não necessariamente. Não tem essa relação com o processo imunológico. Vão ter sintomas também, vão desencadear sintomas, mas não tem relação com o processo imunológico em si. O organismo quando entra em contato com o agente agressor, no caso aqui o alimento, ele vai criar um processo inflamatório.

Esse processo inflamatório vai produzir quantidades excessivas de anticorpos IgE e aí esses anticorpos com todo esse sistema imunológico. Ele vai produzir as reações no nosso organismo, os sintomas que a gente diz, elas são bem variáveis. Elas podem ser reações de pele, reações gastrointestinais e reações respiratórias também.

 

  • RMA  – Quais são as principais (ou as mais comuns)?

 

Aline – Noventa por cento (%) das alergias alimentares estão relacionadas com o leite de vaca, principalmente nos bebês, nas crianças de até 3 anos. Tem a soja, legumes, ovo, castanhas, trigo, peixes, frutos do mar, crustáceos em geral, tudo isso teve bastante reclamação, é o que mais acontece.

Mas tem uma informação bem importante da associação brasileira de alergia, na verdade, do dr. José Carlos Perrini, o presidente da Associação Brasileira de Alergia”. [Segundo ele] “nos últimos 4 anos houve uma mudança no perfil da prevalência das alergias alimentares no Brasil. Então aumentaram os casos de pessoas alérgicas a aditivos alimentares, que seriam compostos presentes em alimentos industrializados, amendoim, milho, gergelim, frutas, frutas tropicais, banana, mamão, kiwi.

Que não eram muito comuns no país, e ele fala “ainda não existem motivos comprovados que expliquem essas mudanças, mas supõem-se que se deva às mudanças nos hábitos alimentares, dietas restritivas ou muito repetitivas, menos contato com a natureza, acho muito importante isso, e maior ingestão dos alimentos industrializados, então, na verdade, a gente mudou muito a alimentação nos últimos anos, a gente deixou de comer os alimentos da terra pra comer mais industrializados. Tem muita coisa aí que esses estudiosos falam que é importante.

 

  • RMA – Em quais faixas etárias elas podem ocorrer?

 

Aline – De bebê até 3 anos de idade é a maior faixa etária. Depois pode acontecer em qualquer fase da vida. Quando é criança se olha muito a parte hereditária. Se o pai ou a mãe tiveram e são alérgicos ou foram alérgicos, se os irmãos são alérgicos…

Quando é bebê, até os 3, 5 anos geralmente começa a diminuir e há grande probabilidade de desaparecer. Mas o adulto já não, o adulto quando ele adquire, pelo que a gente lê, a maioria deles acaba tendo pro [sic] resto da vida. É difícil a cura. Qual o medicamento que você vai usar? Hoje, o intolerante à lactose pode usar uma lactase. Mas não vai adiantar quando você tem problema com a proteína de vaca também. Então a única coisa que vai resolver pra ti [sic] é a dieta. Se você ficar sem os alimentos que provocam essa alergia alimentar, você vai ter uma vida tranquila, normal. Sem problema nenhum.

 

  • RMA – Quais são suas recomendações?

 

Aline – O que é importante falar é que as alergias alimentares existem. Elas estão aí mesmo e que a melhor forma de tratar é realmente a dieta. A gente tem que levar em consideração uma dieta, equilibrada, balanceada, procurar uma ajuda profissional, não fazer sozinho. Isso porque alguns alimentos acabam fazendo falta de alguma forma quando eu tenho que restringir a minha alimentação. Então, eu preciso de uma ajuda profissional para saber quais alimentos eu posso substituir, pra que eu possa não ter nenhum problema. Nenhuma deficiência de minerais, de vitaminas, que eu não tenha uma desnutrição, principalmente no caso das crianças, que pode acontecer, por baixo peso, por falta desses nutrientes.

 

  • RMA – Quais são seus comentários finais?

 

Então, a gente tem como adequar essa alimentação, tem como adequar essa dieta mesmo com essa restrição. Tirando esses alimentos que, na verdade, assim, é muito mais fácil quando eu tenho uma alergia ao camarão, quando eu tenho uma alergia ao amendoim, às nozes. Do que quando eu tenho uma alergia à proteína do leite de vaca, que é um alimento mais amplo, que é um alimento que tem vários derivados, é mais fácil de se lidar. Mas hoje em dia a gente tem também um leque grande aí de possibilidades que a pessoa pode comer super bem. E manter-se saudável mesmo tendo que fazer essas restrições alimentares aí, pra [sic] melhorar essas alergias.

Na verdade, na intolerância, eu até posso consumir, às vezes, pequenas quantidades, que não vou ter tantos problemas, né. Eu, nos meus pacientes, geralmente eu não gosto que eles fiquem sem esse contato. Eu acho que é pior, assim, acho que quando eles comem, os sintomas vêm com mais força. Então, de vez em quando, eu tenho contato, agora, alergia, não tem o que fazer.

 


Atualizado em 02Mar21

Fonte: RMA

Imagem: RMA/Jéssica Torkos

Nossa entrevistada: Aline Deon, Nutricionista Clínica em Balneário Camboriú


 

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