– Afinal, qual é a diferença?
Intolerância à Lactose e Alergia à Proteína do Leite – são termos frequentemente confundidos por muitos alérgicos, seus familiares e, infelizmente, até por profissionais da saúde. Porém, a alergia à proteína do leite é bem mais grave e, em alguns casos, pode levar à anafilaxia e à morte. É importante procurar saber com o médico qual o diagnóstico correto, para seguir com o tratamento adequado e evitar riscos à saúde. Mas qual é a diferença entre intolerância à lactose e alergia à proteína do leite?
Intolerância à lactose (IL)
Intolerância à lactose é a dificuldade do organismo em digerir o açúcar do leite, a lactose, devido à ausência ou quantidade insuficiente de lactase, enzima digestiva. É mais comum em adultos e idosos do que em crianças.
Quando uma pessoa consome leite ou algum derivado, o açúcar passa pelo estômago e chega até o intestino. No intestino, o açúcar deveria ser quebrado pela lactase e ser transformado em glicose e galactose, mais fáceis de serem absorvidos pelo organismo. Os intolerantes não produzem lactase suficiente para quebrar a lactose e, como consequência, ela se acumula e é fermentada por bactérias.
Sintomas
Os sintomas aparecem em minutos, horas ou dias após a ingestão do alimento com leite e podem persistir por vários dias seguidos. As reações podem ser: inchaço, diarreia, cólica, gases, dor abdominal, constipação e outros sintomas de indigestão.
Diagnóstico
A IL pode ser diagnosticada por três testes:
- No teste de tolerância à lactose, o paciente, em jejum, recebe um líquido com alta dosagem de lactose para ser consumido na hora e, depois de um tempo, colhe amostras de sangue para medir os níveis de glicose.
- No teste de hidrogênio na respiração, após o paciente ingerir altas doses de lactose, é considerado a quantidade de hidrogênio expelido pelo paciente.
- E no teste de acidez das fezes é analisado o nível de ácido produzido pela má digestão da lactose.
Alergia à proteína do leite (APLV)
A alergia à proteína do leite é uma reação do sistema imunológico à (s) proteína (s) do leite. As proteínas mais alergênicas são a caseína, a alfa-lactoalbumina e a beta-lactoglobulina. A APLV pode começar em qualquer idade, mas é mais comum em crianças com casos de alergia na família. A alergia costuma desaparecer na maioria das crianças dos quatro aos seis anos.
Sintomas
As reações alérgicas às proteínas do leite dependem da resposta do sistema imune ao leite, que pode ser mediada por IgE (imediata), não mediada por IgE (tardia) ou mista.
Nas reações mediadas por IgE, os sintomas podem ocorrer logo após a ingestão do alimento com leite ou em até duas horas. Sendo os sintomas mais comuns: urticária, vômitos, diarreia, chiado no peito, dificuldade para respirar, anafilaxia e choque anafilático.
Nas reações não mediadas por IgE, os sintomas demoram mais para aparecer e podem ocorrer horas ou dias após a ingestão do alimento com leite. São eles: vômitos, diarreia, sangue nas fezes, cólica, intestino preso, inflamação do intestino e baixo ganho de peso e crescimento.
As pessoas com reações mistas podem ter reações imediatas e tardias após a ingestão do alimento com leite.
Diagnóstico
As pessoas com reações ao leite imediatas, que acontecem logo após o consumo, podem ser diagnosticadas com a análise de sangue ou teste na pele. Mais da metade das reações ao leite são tardias e podem não apresentar resultados positivos nos exames de sangue ou pele.
Tratamento aos alérgicos e intolerantes
O organismo de cada alérgico e de cada intolerante reage de um modo diferente. O médico responsável deve indicar o tratamento adequado, que pode ser alterado conforme as reações alérgicas do paciente.
Para os alérgicos à proteína do leite, o mais recomendado é a dieta de exclusão de todos os produtos que contém a proteína e tomar muito cuidado com a contaminação cruzada.
Já aos intolerantes à lactose, é possível definir com o acompanhamento de um médico quanto cada pessoa consegue tolerar. Alguns intolerantes conseguem consumir alguns derivados de leite com menor teor de lactose sem problema algum. Outros utilizam a enzima lactase para consumir moderadamente alimentos com leite. Informe-se com o seu médico sobre as suas possibilidades.
Alimentos zero lactose podem ser consumidos por alérgicos à proteína do leite (APLV)?
São raros os alimentos sem lactose que não possuem nenhuma das proteínas do leite. O leite zero lactose, por exemplo, é um leite normal no qual é adicionada a enzima que digere a lactose, tornando-se apto apenas aos intolerantes. Portanto, leia sempre o rótulo dos alimentos.
Ingredientes derivados de leite
Confira a lista de ingredientes que NÃO podem ser consumidos por alérgicos à proteína do leite:
- Lactoalbumina
- Lactoglobulina
- Fosfato de lactoalbumina
- Lactoferrina
- Lactulose
- Caseína
- Caseína Hidrolisada
- Caseinato de cálcio
- Caseinato de potássio
- Caseinato de amônia
- Caseinato de magnésio
- Caseinato de sódio
- Leite (integral, semi-desnatado, desnatado, em pó, condensado, evaporado)
- Leitelho
- Nata / creme de leite
- Soro de leite
- Soro de leite deslactosado / desmineralizado
- Gordura de leite
- Coalhada
- Proteína de leite hidrolisada
- Lactose
Ingredientes que podem indicar a presença de leite:
- Corante / saborizante caramelo
- Sabor de açúcar mascavo
- Chocolate
- Saborizantes naturais ou artificiais
- Sabor artificial de manteiga
- Nougat
Ingredientes que NÃO contêm leite, apesar do nome:
- Ácido lático
- Lactato de cálcio
- Lactato de sódio
- Estearoil Lactilato de Sódio
- Estearoil Lactilato de Cálcio
- Cremor de Tártaro
- Manteiga de cacau
- Leite de coco
Se sentir algum dos sintomas citados na matéria, após a ingestão do leite, procure um alergista ou alergologista. Ele irá fazer uma avaliação e indicar o exame adequado para o paciente.
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Atualizado em 02Mar21
Fonte: RMA/JBT
Imagens: Reprodução/internet