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Dermatoses ocupacionais

Iniciamos hoje uma série de matérias sobre dermatoses ocupacionais, causadas pela atividade no trabalho. Bem mais comum do que se pensa, as dermatoses têm ampla atuação nos vários tipos de atividade laboral. Quando ocorrem podem ser bem doloridas e incômodas, incapacitando muitas vezes o trabalhador.

Segundo a definição do Manual de Saúde Ocupacional, de autoria do médico Dr. Eroni Foresti, “a dermatose ocupacional pode ser definida como alterações das mucosas, pele e seus anexos, que tenha sido causada, condicionada, mantida ou mesmo agravada por agentes que estão presentes no ambiente de trabalho ou na atividade laboral do indivíduo.”

Para que elas ocorram vários fatores concorrem, sendo eles: o ambiente e o local de trabalho, o tipo de produção que ali acontece, o modo de condução da tarefa e as características individuais do trabalhador como idade, sexo, etnia e hábitos.

Causas das dermatoses ocupacionais

As causas podem ser classificadas em diretas ou indiretas, sendo elas:

Causas diretas:  São provocadas por agentes químicos, físicos e biológicos existentes no ambiente de trabalho. Elas causam ou agravam uma dermatose.

  • Agentes químicos: cimento, solventes, óleos de corte, detergentes, ácidos e álcalis, chamados irritantes. Neste grupo estão incluídos também os aditivos da borracha, níquel, cromo e cobalto, resinas.
  • Agentes físicos: são as radiações não ionizantes, calor, frio e a eletricidade.
  • Agentes biológicos: bactérias, fungos, leveduras, vírus e insetos.

Causas indiretas: Idade do trabalhador – no que se refere a sua pouca experiência e a falta de cuidado na atividade a ser realizada e os meios disponíveis.

O sexo pode determinar maior ou menor grau de incidência, dependendo do comprometimento na realização de tarefas. Por exemplo, mulheres podem ter maiores danos em suas mãos, em certos trabalhos, mas apresentam um “prognóstico melhor que dos homens em relação às dermatoses”.

Nas causas indiretas pode-se mencionar ainda a etnia. A diferença de pele gera um resultado diferente na ação do agente causador.

Outros fatores concorrem para o surgimento de dermatoses ocupacionais, como o clima, as dermatoses pré-existentes. Dermatite atópica, por exemplo, é suscetível à ação de agentes irritantes. Ela pode evoluir para uma dermatite de contato por irritação.

Dermatoses ocupacionais mais comuns

Dr. Eroni Foresti, Médico especializado em medicina do trabalho – VivaVoz/Univali/Reprodução

A classificação, conforme o Dr. Eroni Foresti, contempla dois tipos de dermatoses mais comuns: dermites e eczemas. A dermite pode ser comum em trabalhadores rurais que tem contato com produtos químicos, agrotóxicos e alguns tipos de plantas.

A exposição ao contato com substâncias irritantes depende da concentração do produto, do tempo de exposição e a frequência do contato com o agente irritante. Ela ocorre com o contato frequente com a água, sabões e detergentes.

Nesta classificação podemos citar também a dermatite irritativa de contato forte, que ocorrem com o contato com substâncias químicas. Este evento produz graves lesões inflamatórias na pele.

O cimento

Este produto é abrasivo e alcalino, e é capaz de produzir ulcerações rasas e profundas, quando em contato com a pele. Ao tempo de exposição soma-se a pressão e atrito exercido pelo calçado ou vestuário sobre a pele, surgindo as lesões.

A alcalinidade é responsável no aparecimento de lesões, assim como o poder oxidante do cimento.

Isto é muito sério, pois bastam algumas horas após o contato. A massa de cimento que cai dentro do calçado ou da vestimenta do trabalhador, provocará eritema com prurido, ardor e queimação.

Dermatites e eczemas

As dermatites alérgicas de contato se manifestam como eczema agudo ou crônico. Na fase aguda são acompanhadas por prurido intenso e nas formas crônicas, por espessamento da epiderme. Ocorre descamação e fissuras.

As dermatites ocupacionais abrangem outras manifestações, sendo:

  • Dermatite de contato com fotossensibilização: causada por radiação ultravioleta.
  • Ulcerações: úlcera crônica da pele (cromo e seus compostos, como o ácido crômico, os cromatos de sódio ou o potássio bem como os dicromatos de amônio, são capazes de produzir úlceras crônicas de pele).
  • Urticária de contato.
  • Erupções acneiformes: dermatite folicular.
  • Discromias: melanoderma, leucodermia ocupacional.
  • Distrofias ungueais – onicopatias: causadas por agentes biológicos, agentes químicos, agentes físicos. Calor e frio.

As dermatoses ocupacionais constituem um campo vasto da medicina do trabalho e são estudadas desde o século XVIII na Alemanha, Inglaterra e França. Tema científico de grande relevância, atrai cada vez mais estudos sobre o tema.


Sobre o Autor

Médico formado pela Universidade Federal de Santa Catariana – UFSC, Dr. Eroni Foresti é especialista em medicina do trabalho e medicina legal. É mestre em saúde coletiva pela Universidade do Sul de Santa Catarina.


Fonte: Manual de Saúde Ocupacional – Volume I – Dermatoses – Eroni Foresti – Fn.F.editor

Imagem: Erdenebayar Bayansan/Pixabay


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