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Alergia e intolerância alimentar têm cura?

A vida do paciente com alergias, alergias alimentares, intolerâncias e intolerâncias alimentares não é fácil. Isto reforça nossa questão: Alergia e intolerância alimentar têm cura? Em alguns casos,  a exposição aos antígenos provoca as crises, choque anafilático, parada respiratória. Nestas condições uma visita aos centros de emergência médica podem ser bem desagradáveis. O ato simples de se alimentar, ou, de estar em um ambiente contaminado por ácaros, poeira, pelos ou outro antígeno é o suficiente. Uma série de reações do organismo, desde erupções na pele até àquelas que nos levam aos centros de emergência podem surgir.

Hoje a ciência médica possui um grande arsenal para combater a maioria das alergias e intolerâncias de modo eficiente. Uma delas, existente há 50 anos, tem se revelado bastante promissora em muitos casos: a imunoterapia com alérgenos, também chamada de vacina para alergia.

 

Imunoterapia com alérgenos

 

A imunoterapia com alérgenos é definida, conforme a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia, como uma forma de tratamento. Ele tem como objetivo diminuir a sensibilidade do portador da alergia, a uma determinada substância, ou conjunto delas. Segundo a ASBAI “O tratamento consiste na aplicação do alérgeno ao qual o paciente é sensível em doses crescentes por um período de tempo que é variável ( 1 a 3 anos). A imunoterapia induz uma série de alterações na resposta imune que estão associadas à melhora clínica”.

Em entrevista à Revista Mundo Alérgico, o Dr. Antomar Solano Becker, médico especializado em alergias e imunologia falou sobre alergia e intolerância alimentar. O Dr. Antomar é pós-graduado “Latu Sensu” em “Especialização de Imunologia Clínica e Alergia” na Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro (período de 2009 à dezembro de 2010). Atua na área de imunologia desde 1995, em Balneário Camboriú, São João Batista e Itajaí. Ele nos falou sobre as diferenças entre alergia alimentar e intolerância e a técnica da Imunoterapia antígeno específica.

 

Alergia e intolerância alimentar

 

Mundo Alérgico – Qual a diferença entre alergia alimentar e intolerância?

A alergia alimentar envolve mecanismo imunológico – IgE* mediado ou não IgE mediado, e intolerância alimentar são considerados reações adversas. São causados por alguma característica fisiológica do indivíduo, como alterações metabólicas (por exemplo, deficiência de lactose).

 

Mundo Alérgico – Quais são os tipos de intolerância?

A intolerância alimentar, também conhecida como alergia tardia, hipersensibilidade alimentar ou alergia tipo III consiste em reações não tópicas. Podem ser causadas por alimentos (proteínas) reconhecidas como estranhas pelo organismo levando à reações mediadas por IgE. Existem mais de 150 tipos de intolerância.

 

Mundo Alérgico – As alergias alimentares e intolerâncias são hereditárias?

Vários estudos têm demonstrado que 50 ou 70% dos pacientes com alergia alimentar apresentam histórico familiar de alergia ou predisposição às alergias, bem como às intolerâncias sem associação à hereditariedade.

 

Mundo Alérgico – Quais são os testes para diagnosticar a alergia alimentar?

São realizadas pesquisas “in vitro” no sangue, e “in vivo”, o famoso teste alérgico no próprio paciente, sendo considerado o padrão ouro.

 

Tratamento da alergia alimentar

 

Mundo Alérgico – Qual o tratamento da alergia alimentar?

O tratamento básico até pouco tempo consistia na exclusão dos alimentos. Com a evolução dos estudos, no momento, dispomos de imunoterapia (vacina).

 

Mundo Alérgico – Existe cura para alergia alimentar?

Não gostamos muito de falar em cura, mas criamos no paciente a chamada tolerância imunológica, mudando toda a sua resposta às proteínas alérgicas deixando de ser sintomas. Então, preferimos expressar cura clínica.

 

Mundo Alérgico – As alergias alimentares podem desaparecer com o tempo?

Sim, pelos trabalhos científicos cerca de 1/3 dos pacientes podem adquirir a tolerância imunológica naturalmente.

 

Mundo Alérgico – Se um alérgico faz a dieta do glúten, por exemplo, e os níveis dele baixam e ele volta a consumir glúten, os níveis aumentam?

Sim, a menos que se submeta à imunoterapia antígeno específica (vacina) que curará a intolerância ao glúten.

 

Mundo Alérgico – Existe um nível seguro para voltar a consumir o alimento que foi excluído da dieta de um alérgico?

Sim, em nossa experiência a partir da 5ª dose de imunoterapia em cerca de 10 meses.

 

Mundo Alérgico – Uma pessoa que não tem alergia e adotar uma dieta sem glúten e sem lactose, por exemplo, pode passar a ficar alérgica?

Não, pelo contrário, diria que terá melhor saúde, pois o glúten é como se fosse um chiclete grudando na mucosa do intestino e a lactose um açúcar que pode levar ao aumento de problemas como diarreias, vômito entre outros sintomas.

 


 

* – Segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia, alergia é uma resposta do sistema imunológico de nosso organismo, para componentes (alérgenos) do ambiente. Uma das apresentações mais comuns de alergia, é aquela caracterizada pela formação de anticorpos de uma determinada classe de proteína, chamada de imunoglobulina E(IgE). Estes anticorpos são específicos para componentes (alérgenos) do ambiente, como os ácaros da poeira, pólens, fungos, alimentos e insetos.

 


Fonte: Redação Mundo Alérgico em entrevista com Dr. Antomar Solano Becker, médico especializado em alergias e imunologia/Balneário Camboriú – SC

Imagem: Jéssica Torkos/Redação Mundo Alérgico


 

2 comentários em “Alergia e intolerância alimentar têm cura?

  1. Ei, gostaria de saber se pode ocorrer de uma pessoa sentir sintomas de intolerância por mais de um tipo de alimento. Exp: Ovo e leite que são coisas bem distintas! Obrigado.

    1. Sim, pode ocorrer. Você pode ser sensível ao glúten e não poder comer nada com farinha, como também, ao mesmo tempo ser intolerante à lactose, ter alergia à caseína (proteína do leite de vaca) e também, por exemplo, ter alergia a amendoim, ovo, soja, castanhas etc. Uma condição não exclui a outra, como também, não se somam obrigatoriamente. Isto dependerá de indivíduo para indivíduo. Se você suspeita de algo, o melhor é consultar um médico especialista (alergologista) e tirar suas dúvidas.

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