Alimentos coloridos são atraentes mas é preciso cuidado A aparência dos alimentos que consumimos precisa despertar em nós o desejo de consumi-los. Sorvetes, biscoitos, salgadinhos, ficam bem melhores quando sua cor é atraente e chamativa. Por isto a indústria utiliza largamente corantes naturais e artificiais, adicionando-os aos seus produtos para torná-los atraentes aos olhos do consumidor. Não é sempre mas quando cor pode ser um veneno é bem mais comum do que imaginamos. Os corantes são essenciais para que este processo funcione adequadamente.
Classes de corantes
Eles podem ser divididos em três grandes classes básicas:
- Corante Natural: pigmento ou corante inócuo extraído de substância vegetal ou animal.
- Corante Caramelo: obtido a partir de açúcares pelo aquecimento e temperatura superior ao seu ponto de fusão e posterior tratamento indicado pela tecnologia.
- Corante Artificial: substância obtida por processo de síntese.
Para esta matéria nossa atenção está voltada aos corantes artificiais, notadamente a Tartrazina. Precisamos entender um pouco da evolução dos corantes, que passaram a ser fabricados a partir do século XVIII (alguns, inicialmente, derivados da hulha) e principalmente no século XX. A indústria norte-americana, por exemplo, chegou a ter 700 substâncias diferentes no início do século XX. Devido aos problemas que causavam aos consumidores foram reduzidos aos atuais nove e mais dois de uso restrito. Estes corantes são utilizados na maioria dos países, sendo os mesmos adotados no Brasil.
Com o uso constatou-se que corantes artificiais não agregavam valor nutricional, sendo introduzidos exclusivamente para conferir cor ao alimento ou bebida. Em alguns casos, para disfarçar a má qualidade dos produtos. Por esse motivo, entre outros, esses corantes não são recomendados do ponto de vista da saúde.
Os corantes artificiais podem causar:
- desde simples urticárias
- passando por asmas
- e reações imunológicas
- hiperatividade
- alteração no metabolismo
- chegando até ao câncer, comprovado em animais de laboratórios.
Corantes permitidos no Brasil
No Brasil, os corantes artificiais permitidos são:
- o amarelo crepúsculo
- azul brilhante
- vermelho bordeaux ou amaranto
- vermelho eritrosina
- azul indigotina
- ponceau 4R
- vermelho 40
- e amarelo tartrazina.
Estes apresentam boa estabilidade a vários fatores Porém têm seu uso limitado pela legislação porque em excesso podem ser prejudiciais à saúde. A ANVISA (Agencia Nacional de Vigilância Sanitária) é o órgão que no Brasil determinou a ingestão diária aceitável (IDA) de cada corante. No entanto, esses valores estão sujeitos a alterações contínuas dependendo dos resultados de estudos toxicológicos.
Tartrazina
A tartrazina apresenta excelente estabilidade à luz, calor e ácido, descolorindo em presença de ácido ascórbico e SO2. Dentre os corantes Azo(*), a tartrazina tem despertado uma maior atenção dos toxicologistas e alergistas, sendo apontado como o responsável por várias reações adversas, causando desde urticária até asma. Estima-se que uma em cada 10 mil pessoas apresente reações a esse corante. Provavelmente, de 8% a 20% dos consumidores sensíveis à aspirina, são também sensíveis a tartrazina. Entretanto, é um dos corantes mais empregado em alimentos e é permitido em muitos países, como Canadá, Estados Unidos, União Europeia e Brasil.
É consenso que a melhor alimentação é a natural. Quando não for possível, os melhores corantes deveriam ser também naturais. Com um público cada vez mais exigente e informado, a indústria tem detectado a necessidade de aprimorar seus processos, evitando o uso de corantes artificiais e incentivando a pesquisa em busca de corantes naturais (os mais comuns são: o carmim, cochonilha, urucum e cúrcuma, já bastante utilizados).
Embora muita coisa precise ser feita neste sentido, é evidente que a preocupação existe, tanto pela indústria quanto pelo consumidor. O melhor a fazer, por enquanto, é verificar sempre o rótulo da embalagem de seus produtos. Quando puder, evite o corante artificial e escolha sempre os naturais de boa procedência.
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(*) Corantes Azo, são corantes orgânicos sintéticos e compreendem vários compostos que apresentam um anel naftaleno ligado a um segundo anel benzeno por uma ligação Azo (N=N). Esses anéis podem conferir um, dois ou três grupos sulfônicos. Esse grupo representa a classe de corantes sintéticos em alimentos, mais importante e utilizado (conforme Aditivos & Ingredientes, 2009).
Atualizado em 16Mar22
Publicado originalmente em 23JUL2016
Fonte: RMA
Imagem: Sharon McCutcheon/Pexels